segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Rendeiras, olé, olá

Dois amarrados com pipoca, abacaxi, vai-e-vem, aranha tecida, sianinha e malha são alguns dos pontos que o público nem sonha quantos são para se tecer a renascença, a mais fina e laboriosa das rendas nordestinas. Mas ela surge, ainda timidamente, na Rodada de Negócios da Moda de Pernambuco.

Através da Câmara dos Profissionais de Moda da Associação Comercial e Industrial de Caruaru, um grupo de rendeiras da cidade litorânea de Pesqueira compareceu ao evento. O artista e designer Leopoldo Nóbrega presta assessoria às rendeiras, com o objetivo de fazer a renascença entrar no mercado como objeto de desejo, como artigo de moda. Um exemplo de bom trabalho são as renascenças da Fátima Rendas, vendidas nos aeroportos. São de Pesqueira, numa atividade de mãe para filha.

“Melhorar a modelagem e o tingimento, criar cartela de cores segundo as tendências de moda e um catálogo estão entre as propostas para esse universo que alcança seis mil rendeiras”, diz ele, observando que também estão em estudo a compra de linha (mais sedosa) em Portugal e criar embalagem artesanal. “Sou rendeira há 40 anos, desde os 7. É uma tradição na família, em Pesqueira as mulheres são rendeiras”, orgulha-se Maria de Lourdes de Farias Pereira, do grupo que foi a Caruaru comercializar belos trabalhos. E custosos: um vestido longo, por exemplo, consome até três meses de lida diária. Para criar mercado, Leopoldo Nóbrega vale-se do mutirão de rendeiras, reduzindo o prazo para um mês.

Ao fim, os esforços se somam para a renda nordestina não ser um objeto em extinção ao invés de objeto de desejo. O Nordeste ainda mantém a tradição, mas confinada em redutos. A renascença ainda se faz em Pernambuco, bilro e filé são comuns no Ceará e a renda irlandesa, bem semelhante à renascença, é feita apenas em Sergipe.

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